Movimentos se unem e reivindicam justiça, cidadania e trabalho decente


Por Alan Rodrigues

 


Pela primeira vez, organizações populares e sindicais de Caucaia formaram um só movimento para buscar uma vida melhor no Município. Ontem (21), professores municipais, comerciários, rurais, sem-terras e juventude de Caucaia realizaram uma marcha pelas ruas do Centro, parando em alguns locais públicos para explicar à população o motivo da luta conjunta. Era o “Movimento Para Melhorar a Vida em Caucaia”, com cada grupo trazendo a sua bandeira de luta.


No prédio da Secretaria de Educação, os professores municipais protestaram contra o calendário letivo 2013/14, reivindicando o cumprimento do plano de cargos e carreira da categoria, com 15 dias de recesso para os educadores em janeiro e férias em julho. A Prefeitura havia sinalizado implantar um novo calendário, em virtude da Copa do Mundo, antecipando, no entanto, o término do ano letivo 2013, trazendo o recesso dos professores de janeiro para dezembro, o que provocou indignação da categoria.


“Antecipando o recesso escolar, perderemos cinco dias de descanso”, analisa a professora Sandra Moura, observando que a antecipação trará o recesso para feriados, como os dias e as vésperas de Natal e Ano Novo, juntamente com o dia 23 de dezembro, o qual já havia fora trabalhado pelos professores.


“O professor já está cansado e estressado e quer desfrutar um tempo com a sua família e com o seu lazer. Agora, teremos que voltar mais cedo para antecipar provas e trabalhos. Estamos reivindicando o nosso descanso”, desabafa a educadora.

Violação

Enedina Soares, diretora do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Caucaia, afirmou que, além do recesso dos professores, o calendário escolar proposto pela Prefeitura viola as Leis de Diretrizes e Bases (LDB), pois não garante o mínimo de 200 dias letivos no ano de 2013. “É uma atitude lamentável. Queremos a garantia dos direitos dos alunos e dos professores”, afirmou a sindicalista, avaliando que a atitude do secretário de Educação desagrada aos profissionais do Magistério.


Também é reivindicado que o ano letivo inicie e termine dentro do mesmo ano, como vem ocorrendo desde 2010, quando a categoria realizou um grande esforço para organizar o calendário letivo.

Comércio

Ao lado das lojas do Centro, os comerciários, por sua vez, trouxeram como bandeira de luta a regulamentação do horário do comércio. Edísio Santos de Oliveira, presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Caucaia, informou que ainda não existe horário regulamentado para o funcionamento das lojas, e, por isso, alguns comerciantes deixam seus estabelecimentos abertos até as 21h, o que traz insegurança ao funcionário.


“À noite, é muito inseguro. Depois das 19h, não há transporte coletivo”, afirma. Além disso, ele avalia que o horário de trabalho no Comércio de Caucaia não permite que os funcionários possam estudar. “O funcionário entra às 11h e sai às 21h. Qual o horário que ele terá para estudar?”, questiona.

Posse de terras

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Caucaia levou a bandeira de luta isenção do IPTU e soluções para a falta d’água em zonas rurais.


Sueli Góis, 52, da comunidade do Coqueiro (vizinha a BR 222) pedia que a área em que vive não passasse de rural para urbana. Ela conta que mora no terreno há mais de 30 anos com a família, sobrevivendo do cultivo de plantações para o consumo próprio. Se a comunidade passar para urbana, terá consequências negativas a ela. “Perderemos ajudas de programas do Governo, como o bolsa-escola, o seguro-safra e  Pronaf, além de termos que pagar o IPTU à Prefeitura”, lamenta.



Emprego, cultura e lazer

Os movimentos da juventude colocaram a oportunidade de emprego,cultura e lazer como suas bandeiras de luta. Samuel Melo, 29, da Pastoral da Juventude, observou que os jovens têm encontrado oportunidades de emprego fora do Município. “Faltam empregos para a juventude, que vai trabalhar em Fortaleza e torna Caucaia uma cidade dormitório”, disse.


Júlio de Sousa Freire, 19 anos, do Levante Popular da Juventude, ressalta que é preciso mais áreas públicas para os jovens.  “Sem lazer e cultura, o jovem encontra caminhos que vão lhe desvirtuar, como as drogas”, considera.

Ministério Público

O Sindicato dos Servidores Públicos de Caucaia informou que o Ministério Público foi acionado para que corrigisse o calendário escolar, dando o prazo até o dia 10 de dezembro. Caso a correção não seja realizada até a data em questão, a entidade entrará na Justiça com pedido de liminar.


Na próxima terça-feira (26), e secretário de Educação de Caucaia ficou de se reunir com representantes do Sindsep.